sábado, 10 de abril de 2010

A RALÉ BRASILEIRA - quem é e como vive (Jessé Souza)


Desigualdade social
O assunto, que se desdobra nas diferenças de classe, gênero, cor e idade, é, para alguns cientistas sociais, o principal problema a ser pesquisado na sociedade brasileira.
Essa é a opinião do sociólogo Jessé Souza, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que está lançando,  o livro “A Ralé Brasileira” (Editora UFMG), que organizou com artigos seus e de outros autores. “A ralé é a grande questão esquecida. O Brasil não tem 500 problemas, mas um grande problema, que é essa desigualdade abissal do qual decorre mais de mil problemas”, afirmou.
De acordo com levantamento estatístico contido no livro, um terço dos brasileiros vivem sob condições precárias e excluídos sócio-culturalmente.
Para Jessé, o problema da ralé é “a questão mais importante no Brasil moderno” e está associado a outros problemas como a segurança pública, o trabalho informal, o racismo e o preconceito regional. Apesar da importância social que tem, “a desigualdade não é nem percebida enquanto tal. Nós a naturalizamos”, na avaliação do sociólogo. Ele, no entanto, acredita que esse pensamento não é algo racional, mas tem uma função mais eficiente justamente por ser “pré-reflexivo”.
As ideias estão dentro da cabeça para justificar nosso comportamento”, assinala. “Queremos que matem a ralé, mas ninguém vai dizer ‘eu odeio pobre, eles têm mais é que morrer‘. O comportamento efetivo, a ação do brasileiro, porém, vai ser de bater palmas”, disse referindo-se ao episódio em que um policial militar matou um homem que fazia uma mulher refém, em Vila Isabel, Rio de Janeiro, há cerca de um mês.
Segundo Jessé, a imagem do PM dando um tiro certeiro no homem – repetida várias vezes na televisão – dá margem a críticas à mídia brasileira que, para ele, “é conservadora” e pautada pelo interesse econômico. Na sua avaliação, a mídia reproduz um comportamento predominante no país, “mesquinho, medíocre, avesso ao debate”.
O professor critica os seus pares, inclusive autores da sociologia clássica brasileira, como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda, Raimundo Faoro, Fernando Henrique Cardoso, além do antropólogo Roberto Da Matta, que, na sua opinião, ajudaram a construir e perpetuar o mito da “brasilidade”, com conceitos sofisticados”. Para ele, a criação do mito foi extremamente eficiente, “está em todas as células dos brasileiros. Ela é uma verdadeira cegueira [por meio da qual] nós possamos nos perceber e nos autocriticar”.
A nossa ciência se construiu em continuidade e não em crítica. A ciência social foi montada para uma sociedade que é autoindulgente [tolerante com seus erros], que não é autocrítica”, opina. Em sua avaliação, “o debate científico, assim como o debate público e do censo comum, é pobre e fragmentário e não capta a totalidade. É exatamente isso do que o dinheiro precisa”.
Além do mito da brasilidade e da baixa autocrítica, a sociedade também se caracteriza pela ausência de transformações políticas e revoluções sociais, segundo Jessé Souza. “O Brasil é uma sociedade que se modernizou apenas economicamente. Não houve processo de aprendizagem coletiva por meio da luta”, diz o professor ao lembrar o processo que ocorreu na Revolução Francesa, no século 18, quando a ralé teve voz ativa, diferentemente da população brasileira excluída.
De acordo com ele, o livro também mostra como, em vez da luta, a ralé brasileira compartilha do consenso que legitima a desigualdade e a exclui. A importância do livro, na visão dele, é a possibilidade de reflexão. “Não existe crescimento de sociedade sem autocrítica”, acredita Jessé.
Reportagem de Gilberto Costa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 28/10/2009



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ativista diz que Brasil será levado a cortes internacionais por causa de Belo Monte

Ativista diz que Brasil será levado a cortes internacionais por causa de Belo Monte - 08/04/2010

Local: Brasília - DF
Fonte: Agência Brasil - EBC
Link: http://www.agenciabrasil.gov.br/



Luana Lourenço
O desrespeito a uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no processo de licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), poderá levar o Brasil a julgamento em cortes internacionais.  Relatório apresentado ontem (7) pela Plataforma Brasileira dos Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais - Dhesca Brasil diz que o Brasil desrespeitou o direito dos indígenas de serem ouvidos e informados sobre um empreendimento que os afetará diretamente – previsto na legislação brasileira e na Convenção 169 da OIT.
“O Estado brasileiro descumpriu a convenção da OIT e mais uma vez vai ser levado aos tribunais internacionais por desrespeitar tratados que ele assinou”, afirmou um dos autores do relatório, Guilherme Zagallo.
Além do suposto descumprimento da regra internacional, o relatório Missão Xingu: Violações de Direitos Humanos e Impactos Socioambientais no Licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte também aponta gargalos em outros aspectos do processo que levou à liberação da licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
As críticas vão da ausência de audiências públicas em todas as comunidades que serão afetadas pelo empreendimento ao subdimensionamento das emissões de metano (gás de efeito estufa) pela usina durante a construção e o funcionamento.
Ao apresentar o relatório, Zagallo questionou a viabilidade econômica de Belo Monte, que apelidou de “usina vagalume”.  De acordo com o relator, a vazão do Rio Xingu não é suficiente para garantir a potência prevista pelo governo no projeto, de 11 mil megawatt/hora de energia elétrica.  “A potência média vai ser de 4 mil megawatt/hora.  Em alguns meses essa barragem não gerará um 1 kilowatt de energia sequer”, calculou.
O impacto da migração de trabalhadores para a região – estimados em 100 mil – também não foi considerado pelo governo na concepção do projeto, de acordo com o relatório.  “A população de Altamira vai dobrar, o que vai aumentar também o desmatamento na região”, acrescentou Zagallo.
No documento, o grupo de movimentos sociais recomenda a suspensão do leilão da usina, marcado para o dia 20 de abril, e o cancelamento da licença prévia concedida pelo Ibama.  Também pede que o Ibama exija complementação dos estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte e que a Fundação Nacional do Índio (Funai) apresente um levantamento detalhado sobre os índios isolados que vivem na região da construção da usina.
O relatório ainda recomenda que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se abstenha de financiar o projeto e que o Tribunal de Contas da União (TCU) analise novamente a viabilidade da obra.  “Belo Monte é apresentada como a redenção para o sistema elétrico, mas não vai gerar a energia prometida.  Será uma usina vagalume, no momento de necessidade não vai estar disponível para a população”, argumentou o autor.
Em mais um capítulo da briga judicial por Belo Monte, o Ministério Público Federal em Altamira anunciou que entrará amanhã (8) como uma nova ação civil pública contra o empreendimento.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Indígenas preparam semana de manifestações contra Belo Monte

Indígenas preparam semana de manifestações contra Belo Monte - 06/04/2010

Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br


Começa nesta quarta-feira (07) a semana de manifestações alertando para a violação dos direitos humanos durante o processo de licenciamento da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.  Os indígenas pretendem realizar diversos atos em Brasília contra a construção do mega-empreendimento previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo Federal.  As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
Na região do Xingu, onde vivem os povos indígenas que serão impactados com a construção do projeto, as manifestações foram canceladas com o objetivo de fortalecer as reivindicações que acontecerão em Brasília.  Os indígenas preparam uma grande mobilização, com data a ser confirmada, para a região do Xingu depois das manifestações em Brasília e antes do leilão da usina, marcado para o dia 20.
A primeira atividade será o lançamento do relatório "Missão Xingu: impactos socioambientais e violação dos direitos humanos ao licenciamento da Hidrelétrica de Belo Monte", dos relatores da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca), a professora Marijane Lisboa (PUC/SP) e o advogado Guilherme Zagallo.
O documento, que sintetiza as denúncias de ambientalistas e lideranças indígenas, aponta que até o momento foram constatadas 13 violações graves dos direitos humanos no processo da usina.  Entre as violações está a do direito constitucional de consulta prévia, tendo em vista que os 24 grupos étnicos da Bacia do Xingu não foram ouvidos durante o licenciamento.  Esse direito é conhecido como oitivas indígenas, e garantido por legislação brasileira e pela Convenção 169 da Organização Internacional do trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil em 2002.
Mesmo com as mudanças no projeto inicial, a usina de Belo Monte ainda contém graves falhas e impactos irreversíveis sobre a população que vive às margens do Rio Xingu.  O documento recomenda a suspensão imediata do leilão da usina e a anulação da Licença Prévia do projeto.
Às 14 horas da quarta-feira haverá uma reunião na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, com a participação de cinco ministros, onde serão denunciadas as violações.  Na quinta-feira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz um debate sobre Belo Monte.
O Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que reúne mais de 150 organizações, entregou no dia 1º de abril às Nações Unidas uma denúncia de que as falhas no processo de licenciamento estariam sendo ignoradas pelo governo brasileiro e que ativistas e religiosos contrários ao projeto estariam sofrendo ameaças de morte, intimidações e difamação.  Até o dia 12, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) programou diversas manifestações em Brasília e pretende reunir povos tradicionais da Amazônia contrários ao empreendimento.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Parricídio tucano ou afasia suicida de José Serra, por Gilberto Felisberto Vasconcellos

Parricídio tucano ou afasia suicida de José Serra 
 
Por Gilberto Felisberto Vasconcellos
 
O que significa, do ponto de vista político e psicológico, o personagem José Serra no cenário da direita no Brasil e na América Latina?

Foi líder estudantil da UNE, o que não quer dizer talento retórico nem capacidade intelectual; todavia se no passado porventura possuía algum charme persuasivo, atualmente não lhe sobrou nada, e isso está relacionado com a sua progressiva direitização depois do Chile, ou talvez até antes.
Serra em Santiago foi uma espécie de garçom ou mordomo de FHC, a quem deverá o futuro ingresso nas altas rodas banqueiras em São Paulo, tendo apoio da missa católica de Franco Montoro para fazer-se deputado.

Do Chile, José Serra vem carimbado de “marxista”, fazendo marola que estava na trincheira do marxismo, quando na verdade sua quitanda era a Cepal burguesa e desenvolvimentista, sob a direção de Raul Prebish, economista ponta de lança do imperialismo inglês na Argentina, odiado por peronistas, nacionalistas e trotskistas.

Não há contribuição alguma de José Serra à teoria econômica na América Latina. Isso foi dito em 1978 por Ruy Mauro Marini, artigo publicado na Revista de Sociologia Mexicana. José Serra, sem o menor escrúpulo intelectual, censurou o artigo de Ruy Mauro Marini no Cebrap. Neste artigo, aparecia como ele é hoje: um homem que se ufana da burguesia industrial e financeira paulista, um tecnocrata operador do capital monopolista internacional.

Ruy Mauro Marini antecipou o balé financeiro multinacional de José Serra, origem pobre, mas fascinado pelo Banco e pelo poder do dinheiro fazer dinheiro, que não tem nada a ver com o capital produtivo. O PSDB é a expressão de classe da universalização do capital monopolista, isto é, do imperialismo.
 Funeral de AllendeA saga mal contada do Chile. Não se conhece nenhum protesto tucano contra a derrubada do presidente Salvador Allende. E esse silêncio, ou essa atitude impassível em relação ao socialismo chileno golpeado pela CIA, é revelador do tipo de “democracia” a que está afeiçoado o PSDB.

José Serra no Chile esteve mais próximo do ‘catolicão’ Eduardo Frei do que do comunista Salvador Allende, ao contrário do que sucedeu com Ruy Mauro Marini, Andre Gunder Frank e Darcy Ribeiro.

Eduardo Frei não só conspirou no golpe de Estado de 1973, como celebrou o regime de Pinochet, o qual contou com o Banco Mundial assessorado por Milton Friedman e os economistas Chicago Boys, que foram admirados e aplaudidos por Roberto Campos, o economista que se esforçou para privatizar a Petrobras e a Vale do Rio Doce.

O modelo econômico de Pinochet foi inspirado na ditadura brasileira de 1964 com os planos de “austeridade” ditados pelo FMI e Banco Mundial, privatizadores com corte de gastos estatais.

O que existe em comum entre Milton Friedman, FHC e José Serra? Estes no poder venderam as empresas estatais para o capital privado e, principalmente, para o capital estrangeiro.

Essa política neoliberal de desnacionalização, que direcionou tanto o regime fascista de Pinochet quanto a social democracia de FHC e Serra, baseia-se em três pilares: exportação, austeridade e superexploração do trabalho.

A Cepal de Raul Prebisch foi a antesala dos Chicago Boys de Milton Friedman, os quais ocuparam altos cargos executivos no regime fascista de Pinochet. A política econômica do general chileno foi de caráter neoliberal e privatizante tanto quanto a da “era vendida” de FHC e Serra. Isso significa que, para além da superficial análise políticóloga baseada na noção de “autoritarismo”, a repressão policial durante a “era vendida” não se fez necessária no Brasil para garantir o domínio neoliberal da burguesia financeiro-monopolista e sua acumulação de capital.

O genocídio econômico neoliberal no Chile estava, segundo Pinochet, justificado por uma “democracia autoritária”.
 Panteão caipiraSe a ditadura de 64 seguiu o receituário tecnocrático de Roberto Campos, o repercurtor colonizado de Milton Friedman, o guru gringo de Pinochet, então a política privatizante do general chileno foi, por sua vez, radicalizada pelo príncipe da sociologia no Brasil, que recebeu o justo epíteto de “o rei das privatizações”, disputando esse qualificativo na América Latina com Menem na Argentina e Fujimori no Peru. É por causa desse condicionante econômico do capital monopolista que FHC e Serra nunca derramaram lágrima alguma para Salvador Allende assassinado pelos Chicago Boys, os quais iriam inspirar mais tarde a decisão tucana de privatizar a Vale do Rio Doce e vender as ações da Petrobrás.

FHC e Serra no poder iriam repetir e copiar Albert Hirschman, outro economista anti-marxista que não difere substancialmente de Walt Rostow bancado pela CIA, o assessor de Kennedy e Johnson que mandou jogar bomba nas cabeças dos vietnamitas.

A fúria neoliberal privatizante dos tucanos não foi de inspiração autóctone, ou o resultado de seu convívio com Ulisses Guimarães e Franco Montono, o panteão caipira do largo São Francisco, incluindo o cowboy Orestes Quércia.

Como tudo o que acontece com eles, a diretriz é traçada invariavelmente do exterior e dos centros imperialistas. A compreensão dessa política entreguista do PSDB está em Andre Gunder Frank, sociólogo nascido em Berlim (1929) que deu aula na Universidade de Brasília convidado por Darcy Ribeiro, e que continua até hoje sendo o demônio das ciências sociais.

Gunder Frank, o autor de O Desenvolvimento do Subdesenvolvimento morreu em 2005, deixou uma notável obra teórica e histórica, que é o desmascaramento do neoliberalismo com a ideologia da globalização do capital monopolista.

O detalhe é que além de ter vivido no Chile na época de Salvador Allende, o marxista Gunder Frank, foi aluno de Milton Friedman na Universidade de Chicago na década de 50 e percebeu o caráter reacionário de seu mestre, rompeu com ele e com a Universidade de Chicago, e mais tarde no Chile, denunciou o crime contra o povo latinoamericano perpetuado por aquele figurão que ganhou o prêmio Nobel de economia, por ser o paradigma monetarista do vínculo entre a universidade e o banco, como é também o caso, repetido na periferia, do percurso de FHC e Serra, os quais concentraram o poder econômico e venderam o país, seguindo a terapia do “tratamento de choque”, a expressão de autoria de Milton Friedman, cuja política, como dizia Gunder Frank, aumentou o monopolismo capitalista no mundo, desde quando assessorou Barry Goldwater e orientou as medidas econômicas de Nixon.

Para América Latina exportou a bula, repercutida décadas depois pelos tucanos, sobre a “estabilização da economia”, que não é diferente do modelo de Roberto Campos.
 Mercado livre e pau-de-araraÉ preciso desconfiar da auto-propagada vocação dos tucanos à democracia. Roberto Campos também se dizia fã da democracia quando serviu à ditadura. Milton Friedman escreveu o livro Capitalismo e Liberdade e contribuiu para o assassinato de 30 mil pessoas no Chile, apelando para os princípios do “mercado livre” e do neoliberalismo. Por isso é preciso perguntar o seguinte: até onde vai o amor de José Serra pela democracia? O fascismo político de Pinochet se valeu do neoliberalismo na economia, o qual será retomado por FHC com eleições, seguindo o que receitava o guru Milton Friedman: o lucro é a essência da democracia. FHC sempre disputou as eleições por cima e em situação favorável, a moeda “real” foi a cédula eleitoral no bolso, dizia Leonel Brizola. Depois se reelegeu na maré das reeleições, o que não acontecerá com José Serra, que é uma espécie de primo pobre da tucanalha, desprovido das fortunas maquiavélicas que foram oferecidas para FHC na Casa Grande.

A dialética Casa Grande e Senzala funciona como um sintoma psicológico de um partido político repleto de egos vaidosos e sem carisma. FHC colocou a graça de seu carisma no dinheiro, na moeda, ficando conhecido como o “príncipe da moeda”.

Herança Vende-Pátria
Hoje, em situação mundial desfavorável provocada pela crise financeira do imperialismo (FHC esteve oito anos agenciando a globalização do capital estrangeiro), o PSDB com José Serra – representando os interesses da burguesia financeira e industrial de São Paulo – se prepara para voltar ao Palácio da Alvorada.

Há porém um problema neste teatro subshakesperiano. É que depois do estrago entreguista de FHC, os tucanos não têm discurso a apresentar, digamos, nenhuma esperança em cima da telenovela, da moeda e da estabilização da economia.
Ainda que não reconheça publicamente, José Serra gostaria de descartar-se da herança de seu progenitor, porque essa herança é um estorvo fatal para ele, impedido de falar que vai retomá-la e tirar-lhe a parte ruim.

Afinal, que “Brasil venceu” com oito anos de FHC? José Serra vive essa contradição em sua trajetória política, pois não poderá negar a paternidade que o gerou, embora esse DNA seja um obstáculo para palmilhar o caminho da Presidência da República.

É difícil para José Serra refutar que a era FHC, com a sua política de privatização internacional e agente da universalização do capital privado, foi um retrocesso nacional, que não fez senão prosperar os bancos e as corporações multinacionais.

Durante a “era vendida” de FHC, o PSDB foi o instrumento político do capital globalizado, que levou adiante as medidas entreguistas de 64, valendo-se do argumento da eficácia, da racionalidade e da competência na administração da vassalagem entreguista.

Baile de Manhattan
Analisado de olho na América Latina, o governo neoliberal de FHC –que José Serra estará compelido a defender agora com todos os constrangimentos – tomou como paradigma e aprofundou o que foi feito na economia pelos Chicago Boys no Chile do general Pinochet.

O neoliberalismo econômico de FHC, Menem e Fujimori começou com as ditaduras da década de 60. A retirada de todas as restrições ao capital estrangeiro, a liberalização dos mercados, a desregulação das empresas privadas, as prescrições sobre os “ajustes estruturais” fizeram parte do pacote macroeconômico chamado “estabilização” aplicado em escala mundial a mando do FMI e do Banco Mundial. Essa foi, na era privatizadora de FHC, a economia portifólio e especulativa, de acordo com o processo de acumulação de capital sob a égide da financeirização.

Quem fez a farra com o Plano Real foi, dentre outros bancos estrangeiros, o Chase Manhattan com os seus superlucros.
São os bancos e as grandes instituições financeiras que irão conceder o prêmio Honoris Causa para FHC, o “gênio das ciências sociais” enfiando (como dizia Leonel Brizola) os barretes em sua cabeça por várias universidades do Primeiro Mundo pelo serviço prestado, sobretudo na Inglaterra de Tony Blair, o afilhado de dona Tatcher e pupilo de Giddens, o comensal assíduo nos ágapes oferecidos por Rupert Murdoch, a patota Barclays Bank e British Airways.

A política econômica neoliberal foi um desastre para a América Latina, empobreceu muita gente e marginalizou amplos setores da população. José Serra irá corrigir os defeitos dessa política imperialista de FHC? É difícil imaginar o discurso do PSDB agora para o que defendeu e executou no poder durante oito anos, tendo sido o principal agente político da universalização do capital monopolista.
 Culpa e InsôniaO travesseiro de José Serra está esquentado com a questão: o que dizer na campanha de 2010 acerca da herança daquele que foi o seu progenitor político? Agora, com a crise da financeirização política do capital monopolista, nem a direita da metrópole defende mais a “flexibilização do capitalismo”.

A insônia de José Serra tem razão de ser: cadê o Giddens? Cadê o Blair? Cadê a Tatcher? Cadê o Clinton?

O modelo terceira via-globalização-privatizante-neoliberal fracassou. A alternativa durante a campanha é retornar a Keynes e aos investimentos públicos? Será que isso surtirá algum efeito?

O problema é o peso da herança: FHC foi a transferência do patrimônio público para os interesses privados.

O PSDB não é social nem democrático. Quem faz o programa desse partido é a big finança, e esta não tem nada de democrática; ao contrário, o capitalismo monopolista é contra a democracia.

O interesse imperialista da metrópole é o que determina a concepção do PSDB.

Os gerentes e estamentos anglosaxônicos formularam as políticas da “terceira via” e da privatização, porém isso resultou num desastre completo.

O que foi outrora tido como gênio, Tony Giddens, citado impreterivelmente na bibliografia dos cursos da pós-graduação  em ciências sociais, virou um badameco da burguesia pirata de Londres.

Segundo o sibarita Giddens, acabou a luta de classes entre burguesia e proletariado, o vínculo entre nação opressora e nação oprimida foi dissolvido, dissipou a contradição capitalismo versus socialismo, assim a filantropia das ONGs é o que resolve a penúria; enfim, essa “terceira via” neoliberal privatizadora aumentou o abismo entre pobres e ricos.

O PSDB é um partido político colonizado e mimético, sua formatação origina-se dos centros financeiros do capitalismo, seu internacionalismo, ou melhor, seu cosmopolitismo é burguês, portanto não há abracadabra possível que faça José Serra pousar de nacionalista e defensor das riquezas naturais do país; afinal ele foi o fautor e companheiro de viagem do funeral feagaceano da era Vargas. Então, sem que se reduza a política à psicanálise, é preciso reconhecer que um espectro ronda o arraial tucano: o do parricídio. É a matança (simbólica, claro) do pai FHC pelo filho José Serra, se este quiser se despregar da “era vendida”, pelo menos durante a campanha eleitoral de 2010. Se não for seguido este caminho, não restará outra alternativa senão a afasia que o levará à autoimolação política.

Adiós, Serra.

Gilberto Felisberto Vasconcellos é sociólogo, jornalista e escritor

XIV FESTIVAL AMAZONAS DE ÓPERA - 2010

XIV FESTIVAL AMAZONAS DE ÓPERA - 2010
 
                                                                Foto:Agecom - AM



• Locais de vendas dos ingressos:

- Teatro Amazonas: de segunda a sábado das 9h as 19h.
- Domingos das 16h as 19h (a partir do dia 11/04/10).
- Loja BestSeat no Millenium Shopping: de segunda a sábado das 10h as 22h e domingo das 15h as 21h ou pelo Site www.bestseat.com.br
• Interessados fora de Manaus podem comprar pelo site www.bestseat.com.br

Informações: 3232-1768 (bilheteria do Teatro Amazonas) / 8243-2881 (Loja BestSeat)


19 (Seg) - 18h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONVIVÊNCIAS DA ÓPERA
ÓPERA E MÚSICA com o Maestro Luiz Fernando Malheiro
23 (Sex) - 20h - Teatro Amazonas
YERMA
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Ópera em três atos
Libreto do compositor, baseado na obra de Federico Garcia Lorca

24 (Sab) - 20h - Teatro Amazonas
GUERRAS DE ALECRIM E MANGERONA
Antônio Teixeira (1707-1769)
Ópera em I ato
Libreto de Antônio José da Silva (O Judeu)
25 (Dom) - 19h - Teatro Amazonas
YERMA
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Ópera em três atos
Libreto do compositor, baseado na obra de Federico Garcia Lorca
26 (Seg) - 18h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONVIVÊNCIAS DE ÓPERA
CANTO LÍRICO com Carmen Monarcha
27 (Ter) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONCERTOS POPULARES
Orquestra de Violões do Amazonas
Direção musical e regência: Davi Nunes
28 (Qua) - 19h - Teatro Luiz Cabral (piano)
A CINDERELA
Gioacchino Rossini
Pocket Opera
29 (Qui) - 20h - Teatro Amazonas
ROMÉO ET JULLIETTE
Charles Gounod (1818-1893)
Ópera em Cinco Atos de J.Barbier e M. Carré
30 (Sex) - 20h - Teatro Amazonas
YERMA
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Ópera em três atos
Libreto do compositor, baseado na obra de Federico Garcia Lorca

01 (Sab) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
RECITAL BRADESCO – 200 anos de nascimento de FREDERIC CHOPIN & ROBERT SCHUMANN
02 (Dom) - 19h - Teatro Amazonas
ROMÉO ET JULLIETTE
Charles Gounod (1818-1893)
Ópera em Cinco Atos de J.Barbier e M. Carré
03 (Seg) - 18h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONVIVÊNCIAS DE ÓPERA
ÓPERA E TEATRO com William Pereira
04 (Ter) - 20h - Teatro Amazonas
ROMÉO ET JULLIETTE
Charles Gounod (1818-1893)
Ópera em Cinco Atos de J.Barbier e M. Carré
05 (Qua) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
RECITAL BRADESCO - BROADWAY
06 (Qui) - 19h - Centro de Convivência do Idoso, na Aparecida
A CINDERELA
Gioacchino Rossini
Pocket Opera
07 (Sex) - 20h - Teatro Amazonas
MISSA DE SANTA CECILIA
08 (Sab) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
RECITAL BRADESCO – 150 anos de nascimento de GUSTAV MAHLER
09 (Dom) - 19h - Teatro Amazonas
MISSA DE SANTA CECILIA
09.Mai (Dom) - 11h - Teatro Amazonas
CONCERTO DO DIA DAS MÃES - AVE MARIA
10 (Sab) - 18h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONVIVÊNCIAS DE ÓPERA
CANTO LÍRICO E MUSICAL com Marconi Araujo
11 (Ter) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
RECITAL BRADESCO – “DEPOIS DE UM SONHO”
12.Mai (Qua) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
RECITAL BRADESCO – A CANÇÃO BRASILEIRA
13 (Qui) - 19h - Centro de Convivência do Idoso, na Aparecida
CONCERTOS POPULARES
Orquestra de Violões do Amazonas
Direção musical e regência: Davi Nunes
14 (Sex) - 20h - Teatro Amazonas
FLORESTA DO AMAZONAS
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Balé
15 (Sab) - 19h - Município de Novo Airão
A CINDERELA
Gioacchino Rossini
Pocket Opera
16 (Dom) - 19h - Teatro Amazonas
FLORESTA DO AMAZONAS
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Balé
17 (Sab) - 18h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONVIVÊNCIAS DE ÓPERA
FIGURINO com Pedro Moreno
18 (Qua) - 19h - Centro Cultural Palácio da Justiça
RECITAL BRADESCO – MADRIGAL DA “CASA IVETE IBIAPINA”

19 (Qua) - 19h - Teatro Luiz Cabral
CONCERTOS POPULARES
Orquestra de Violões do Amazonas
Direção musical e regência: Davi Nunes
20 (Qui) - 19h - Centro de Convivência da Família Padre Pedro Vignola
A CINDERELA
Gioacchino Rossini
Pocket Opera
21 (Sex) - 20h - Teatro Amazonas
LO SCHIAVO
Antonio Carlos Gomes (1836 – 1896)
Drama lírico em quatro atos
Libreto de Rodolfo Paravicini
Sobre um original de Alfredo Taunay
22 (Sab) - 20h - Teatro Amazonas
FLORESTA DO AMAZONAS
Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Balé
23 (Dom) - 19h - Teatro Amazonas
LO SCHIAVO
Antonio Carlos Gomes (1836 – 1896)
Drama lírico em quatro atos
Libreto de Rodolfo Paravicini
Sobre um original de Alfredo Taunay
24 (Seg) - 18h - Centro Cultural Palácio da Justiça
CONVIVÊNCIAS DE ÓPERA
DIREÇÃO CÊNICA E CENOGRÁFICA com Jaime Martoreli & Ricardo Sanchez

27 (Qui) - 19h - Centro de Convivência da Família Padre Pedro Vignola
CONCERTOS POPULARES
Orquestra de Violões do Amazonas
Direção musical e regência: Davi Nunes
30 (Dom) - 19h - Centro Cultural Largo de São Sebastião
LO SCHIAVO
Antonio Carlos Gomes (1836 – 1896)
Drama lírico em quatro atos
Libreto de Rodolfo Paravicini
Sôbre um original de Alfre

Fonte: http://www.manausonline.com/musica_opera.asp  ;
http://www.amazonas.am.gov.br/noticia.php?cod=3534#4